Em 2025, o Brasil entra em um período definidor para as finanças de consumidores e empresas. A aprovação da Lei Complementar nº 214/2025 marca a maior reestruturação do sistema tributário brasileiro em décadas, trazendo a promessa de um modelo mais justo, transparente e eficiente.
No entanto, antes da entrada em vigor plena dos novos dispositivos em 2027, 2025 será o ano crucial para a transição inicial: regulamentações, adequações de processos e os primeiros reflexos no dia a dia de todos nós.
Contexto Geral e Objetivos da Reforma
A Lei Complementar 214/2025 busca a simplificação e modernização das regras fiscais, unificando diversos tributos sobre consumo e criando normas claras para apuração e compensação. Entre os principais propósitos, destacam-se:
- Unificar tributos como ICMS, ISS, PIS, Cofins e IPI;
- Diminuir a cumulatividade de impostos ao longo da cadeia produtiva;
- Reduzir desigualdades entre empresas de diferentes portes e setores;
Embora o modelo esteja previsto para vigor pleno a partir de 2027, em 2025 começam as adequações de sistemas, sistemas de controle e treinamentos necessários para a adaptação gradual.
Novos Tributos: IBS, CBS e Imposto Seletivo
O novo regime tributário introduz principalmente dois grandes tributos sobre bens e serviços e um imposto especial:
- Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), de âmbito estadual e municipal, substituindo ICMS e ISS;
- Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), federal, no lugar de PIS, Cofins e IPI;
- Imposto Seletivo (IS), o chamado “Imposto do Pecado”, para bebidas alcoólicas, cigarros e agrotóxicos;
O Imposto Seletivo tem a finalidade de desestimular o consumo de itens prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, ao mesmo tempo em que gera receitas para programas de prevenção.
Impactos Diretos no Bolso do Consumidor
A promessa de redução da cumulatividade de impostos visa diminuir, em tese, o custo final dos produtos e serviços. A lógica é que cada etapa da cadeia possa aproveitar créditos tributários, evitando a cobrança em cascata.
No entanto, em 2025, o consumidor já perceberá efeitos iniciais na formação de preços:
- Setores industriais e de comércio tendem a ver redução de preços em itens que se beneficiam integralmente dos créditos;
- Prestadores de serviços poderão sofrer aumentos na carga tributária, ajustando-se ao novo modelo;
- Produtos sujeitos ao Imposto Seletivo terão preços mais elevados, conforme a alíquota especial aplicável;
Além disso, a maior transparência e equidade no sistema de preços permitirá ao consumidor identificar com clareza o peso dos tributos em cada compra, influenciando decisões de consumo mais conscientes.
Consequências para Empresas e Mercado
As empresas, por sua vez, enfrentarão uma complexidade fiscal ampliada no curto prazo. A coexistência entre o modelo antigo e o novo até 2027 exigirá:
• Atualização de sistemas de gestão empresarial (ERP) para adequar cálculo de créditos e débito tributário.
• Treinamento de equipes contábeis e fiscais para dominar as novas regras de apuração e compensação.
• Integração entre áreas de compras, vendas, estoque e financeiro, a fim de garantir o registro preciso de cada operação.
Projeções de Alíquotas e Benefícios Fiscais
Especialistas estimam que a alíquota consolidada do novo IVA gire em torno de 25% sobre bens e serviços, variando conforme o setor. Produtos essenciais como medicamentos e itens de alimentação básica podem ter regimes diferenciados, com isenções ou reduções.
Quanto aos incentivos fiscais estaduais, inicia-se um corte gradual a partir de 2029, com reduções anuais de cerca de 10% em vários setores. Para amortecer esses impactos, o governo federal criou um fundo de compensação, prevendo um fundo de compensação de benefícios fiscais com aporte de R$ 160 bilhões entre 2025 e 2032.
Reflexos no Comércio Exterior e Competitividade
O novo modelo prevê a incidência no destino e a não cumulatividade, condições que devem tornar os produtos brasileiros mais competitivos lá fora. A previsão é que o resíduo tributário nas exportações seja reduzido, ampliando o uso do regime especial de drawback.
Em 2024, o Brasil exportou cerca de US$ 67 bilhões sob regimes especiais; com a reforma, há expectativa de crescimento desses números, beneficiando especialmente o setor industrial e o agronegócio.
Transição 2025–2032: Desafios e Oportunidades
O período de transição de dez anos será determinante para a adaptação de todas as partes interessadas. Consumidores precisarão entender a formação de preços, enquanto empresas deverão investir em investimento em atualização de sistemas e revisão de processos para garantir conformidade e aproveitamento de créditos.
As pequenas e médias empresas enfrentarão desafios para pequenas e médias empresas sem estrutura robusta, mas também podem ver oportunidades de otimizar custos e ganhar competitividade ao se adaptarem antes da maioria do mercado.
Em resumo, 2025 será o ano de ajustes iniciais e de preparo para um sistema tributário mais moderno. Manter-se informado, revisar contratos, investir em tecnologia e capacitação serão atitudes essenciais para minimizar riscos e aproveitar os benefícios de um modelo mais justo e transparente.
Referências
- https://kpmg.com/br/pt/home/insights/2025/04/impactos-contabeis-reforma-tributaria-brasil.html
- https://www.gov.br/mdic/pt-br/assuntos/noticias/2025/marco/7-impactos-positivos-da-reforma-tributaria-no-comercio-exterior-brasileiro
- https://www.fecomercio.com.br/noticia/o-que-muda-com-a-reforma-tributaria-e-quais-serao-os-reflexos-para-os-negocios
- https://www.reformatributaria.com/a-reforma-tributaria-e-seus-impactos-sobre-os-beneficios-fiscais-estaduais-regime-de-transicao-e-reconfiguracao-estrategica/
- https://www.cnnbrasil.com.br/economia/negocios/reforma-tributaria-principais-impactos-nas-pmes-e-como-se-preparar/
- https://www.conjur.com.br/2025-abr-08/impactos-da-reforma-tributaria-do-consumo-na-precificacao-de-servicos/
- https://www.fiemg.com.br/noticias/especialistas-analisam-os-impactos-da-reforma-tributaria-para-as-empresas/
- https://www.gov.br/fazenda/pt-br/assuntos/noticias/2025/abril/novas-regras-de-tributacao-do-consumo-terao-impacto-positivo-sobre-o-fluxo-de-caixa-das-empresas-afirma-appy